Decorreram mais uns Campeonatos Nacionais de Velocidade na Pista de Montemor para Juniores e Séniores. A receita de tudo a monte e fé em Deus continua a ser o lema de boa parte dos clubes presentes para a obtenção de pontinhos para o ranking. O resto não interessa. Se há ou não competitividade é outro assunto. Vi algumas tripulações compostas com atletas séniores provenientes das escolas de formação, que ainda mal sabiam remar, mas como iriam cortar a meta, seriam mais pontos para esse clube. É este o panorama do nosso remo. Será assim que vamos evoluir?
Como se não bastasse esta triste realidade, temos também que fazer umas promessas á santinha ou á virgem do Caravaggio para ter a sorte de calhar numa pista "boa". É que mesmo os resultados das eliminatórias não contam para quase nada em termos de alinhamento nas finais. Como dizia um treinador lá presente, "temos que arriscar para ficar com o 6º tempo se queremos ter mais possibilidades de ganhar". Porque será que, estando todos conscientes das diferenças de andamento nas pistas quando levanta o vento, em especial da parte da tarde, se repetem, anos após ano, os mesmos erros? Será assim tão dificil fazer as finais da parte da manhã para que as condições sejam mais iguais para todos? Será muito dificil alterar a pista de retorno e de segurança para onde são actualmente as pista 7 e 8, desclassificando caso fosse necessário as tripulações que as utilizassem, ou será que vivemos num pais assim tão pobre em termos de planos de água que só se podem realizar ali os campeonatos de Primavera (versão II)?
É muito injusto para uma equipe andar uma época inteira a treinar e depois não lhe ser dada possibilidade de se bater de igual para igual com os seus adversários. Não quero de forma alguma com este comentário desculpar o pobre resultado que o quadriscull fez este ano porque, no ano anterior, a mesma tripulação foi uma das "beneficiadas" com o "sorteio" da pista. Agora que é uma frustração terminar assim uma época cheia de expectativas num resultado e numa prestação meritória, é.
Tenhamos esperança que no futuro, se façam regatas onde seja a qualidade e a capacidade individual e colectiva a fazer juz ao seu valor e que os campeões não o sejam por razões alietórias.
Nós até que fizemos um bom leme. Com aquele vento todo, conseguimos ir sempre na pista 2, que por acaso foi a que nos calhou em "sorte". Os outros todos é que foram "empurrados" para a outra metade do canal. Como somos já "antigos" nestas coisas, não quisemos complicar a vida aos arbitros. Metade do rio para nós, a outra metade para os outros 5. É justo.
É comum nestas andanças o pessoal parar antes do toque final e depois ficamos surpreendidos com o resultado. O descernimento após aquele periodo de esforço não é o mesmo e, por vezes, faz com que se "desista" quando a busina toca. Se juntarmos a isso erros de organização onde se colocam linhas de chegada enviezadas em relação ás margens, maior é a admiração final. Foi o que aconteceu nesta regata internacional da Queima das Fitas, em Coimbra, onde várias tripulações ficaram surpreendidas com o resultado, em especial na prova-rainha, o Shell de 8. Sou da opinião que é preferivel largar enviezado e terminar perpendicular á linha de chegada.
