sexta-feira, agosto 16, 2019

O Pardal dos ovos mexidos


Esta guerra dos motoristas em que o Governo tomou partido, com atitudes que se podem dizer a roçar o autoritarismo dos países de índole socialista/comunista, teve no dirigente Pardal o seu maior expoente ao servir de bode expiatório para aquilo que era uma das preocupações do Executivo. Não deixar arrefecer o consumo dos combustíveis, a galinha dos ovos de ouro deste Governo.

E, por sinal, foi conseguido. Com guerras de alecrim e manjerona entre o representante do PS pelo lado da ANTRAM e o Pardal que queria ser ave de rapina pelo lado dos trabalhadores.

Uma guerra de surdos, onde cada um NÃO expunha as suas verdadeiras razões, mas permitia alimentar a polémica e deixar que os verdadeiros assuntos de Estado ficassem à margem do Zé Povinho. E foram muitos assuntos que a pseudo Oposição deixou passar em claro. Desde os incêndios que não tinham combustível para alimentar os pasquins até às ameaças de greve dos trabalhadores da Ryanair ou dos técnicos e Conservadores dos Registros e Notariado, para não falar da falta de médicos nos serviços de Obstetrícia, no Algarve.

O importante era vender uma imagem de um governo forte (com os fracos) e trabalhar para alimentar as urnas com a cruzinha na putativa maioria.

O Pardal foi um apanhado na armadilha. A tática usada nos bastidores de dividir para reinar deu os seus frutos e este sindicato ficou a falar sozinho. Ao povinho não faltou o ouro negro e o chefe da banda deixou uma imagem de liderança e preocupação com o bem estar dos néscios.

quinta-feira, junho 13, 2019

Dia da Liberdade Condicionada


Ainda a propósito de discursos e da Liberdade.
 
Comemorou-se a 25-04 o dia da Liberdade e dos ideais de Abril.
O Poder e a própria Sociedade ainda não clarificou quais eram. Ergue-se a bandeira em defesa de uns mas actua-se em função de outros.
Porque a arrogância, a prepotência, e o abuso do Poder continuam a ser a pedra de toque desta nossa sociedade.
A distinção entre Direitos e Deveres é um assunto esguio e custa arrostar.
Temos, efectivamente, a Liberdade de expressão, uma das regalias de Abril, mas depois temos as consequências do uso desse direito. A perseguição, a ostracização e o desprezo.
A liberdade de respeitar os interesses individuais e colectivos passaram para segundo plano. O importante é não afrontar quem decide. A objectividade do pensamento e a clarificação de um desejo tem que ser contornada pela dicotomia filosófica de uma essência dialética com vista ao fim pretendido.
A liberdade de se ser um igual entre iguais foi ultrapassado pela hierarquização do poder e do seu lugar nesse estrato.
Temos uma Liberdade condicionada.
Condicionada pelo Poder económico, pela hierarquia social e, acima de tudo, pela necessidade.
A repressão passou a ter outra cara. Mais branda e com um tipo de violência diferente. A coacção moral passou a ser o modelo.
Manda quem pode, obedece quem deve.
Sempre foi assim e nem uma outra revolução dos cravos irá acabar com ela.